sábado, 6 de dezembro de 2008

Solidão

Rainhas, guerreiras, princesas, escribas e bailarinas. Veneno mortal, desertos, mares, medos, morte e o Rei. Tantas coisas me trouxeram onde estou agora. Olho para baixo mas não com um ar de término. A jornada ainda não chegou ao fim. Agradeço muito por isso. Há mais aventuras em meu caminho.

O lugar é uma alta e antiga torre. Contemplo a península dessas terras. O mar parece revolto e o ar gélido. É madrugada. A hora perfeita. O momento oportuno para escrever minhas memórias. Codificar minhas idéias. Quem sabe ainda poderei compartilhar delas com a Perfeita? Quem sabe.

Estou em um castelo muito antigo de fosso seco. Muros altos e feridos. Como se fossem os únicos sobreviventes de uma violenta guerra. Não há mais vida nesse lugar. Inóspito. Perdido. Imponente e fraco. Parece ser minha morada perfeita, mas o Rei me tem uma residência mais digna. Não de mim, mas Dele mesmo. Ainda posso sentir Seu poder fluir em minha carne. Em minhas veias. Meus membros. Cabe a mim fazer por merecer tamanho poder. Ou talvez... talvez apenas encerrar a jornada de forma satisfatória.

Coloco a pena na tinta, mas minha mão se detém antes do primeiro desenho de letra. Eu realmente não gostaria de escrever apenas sobre mim.

Estou cansado. 

E só.